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Orian Kubaski, presidente da ABRH/RS, fala sobre os desafios do profissional do RH, e defende que uma boa gestão de pessoas não está aliada ao número de colaboradores e sim na inteligência utilizada a serviço da gestão de RH
Na era da informação, o ambiente corporativo passa por inúmeras transformações.
Com o setor de Recursos Humanos não é diferente.
Para acompanhar as mudanças, melhorar a execução de tarefas e vencer todos os desafios do profissional do RH, diretores devem considerar adoção de mecanismos de modernização no setor para desenvolver lideranças e aprimorar os instrumentos de comunicação entre gestores e colaboradores.
Orian Kubaski, presidente da ABRH/RS, comenta “Os desafios do profissional do RH na atualidade”.
Redação Valesul – Muitos diretores de empresas, ainda não compreendem os desafios do profissional do RH e a importância de ter um setor de RH estruturado.
Qual é o maior ônus de manter este tipo de mentalidade?
Orian Kubaski – Interessante que empresários em geral já incorporaram em seus discursos que o seu maior capital está nos seus colaboradores.
Entretanto, na prática, não há alinhamento.
Existe uma enorme diferença entre o conceito de despesa e o de investimento.
Uma equipe de profissionais de RH muitas vezes é vista como despesa, por isso este desalinhamento.
O segredo de decisões de sucesso no meio empresarial está no conceito, ou seja, quando entendemos de fato o porquê de nossas escolhas.
Quando você compreende um departamento de RH, e ele pode ser composto por 1, 2 ou 3 profissionais, tem por propósito melhorar a produtividade de seu negócio.
Este conceito passa a orientar suas decisões para o que chamamos de investimento.
Selecionar bem, capacitar, desenvolver, promover a cultura dos acionistas, comunicar as estratégias, ganhar engajamento dos colaboradores, promover um clima de bem estar, um ambiente que estimule a criatividade e a inovação, eliminar ou minimizar conflitos;
Este é o papel de uma gestão de pessoas eficaz e que promove resultados superiores em uma organização.
RV – Quais são as principais atribuições do profissional do RH que quer fazer diferença dentro de uma organização?
O.K. – Há atribuições importantes para um profissional de RH.
Começa por assegurar a legalidade nas relações de trabalho, sob a pena de criar um passivo que pode determinar um alto risco para a organização.
Passa por estabelecer procedimentos e políticas que regulamentem e estabeleçam padrões de comportamento de acordo com os princípios e a cultura da organização;
Selecionar, capacitar e desenvolver talentos, comunicar de forma clara e transparente, garantir a segurança e bem estar das pessoas, são algumas destas atribuições.
Contudo, se eu tiver que escolher as mais fundamentais e que realmente promovem a produtividade e o diferencial competitivo das organizações, eu aposto em três atribuições, a saber:
Selecionar com critério, desenvolver as lideranças e assegurar uma sucessão permanente de líderes.
RV – Um dos maiores desafios atuais do profissional do RH é desenvolver mecanismos eficientes de comunicação dentro das empresas.
Você teria aconselhamentos para os líderes que estão passando pela elaboração destes processos de melhoria?
O.K. – Em comunicação não vale o que é dito e sim o que é entendido.
Esta é uma arte que exige aprimoramento contínuo.
O saber comunicar começa pelo saber ouvir.
Aprimorar a audição e a prática da empatia promove os estímulos necessários para que as pessoas façam o que você quer porque elas querem.
Isto é o que chamamos de motivação.
Portanto, nunca negligencie sua competência em comunicar-se com seus colaboradores e liderados.
RV – Você acha que aprimorar estratégias de comunicação entre equipe de gestão e colaboradores seria uma solução eficiente para mediação de conflitos dentro das empresas?
O.K. – Com certeza.
Primeiro, compreender para depois ser compreendido: este é um dos sete hábitos das pessoas altamente eficazes.
Concluindo, a empatia é a melhor estratégia para a mediação de conflitos nas organizações.
Lembre-se, primeiro compreender para depois ser compreendido.
Sua capacidade de influenciar e persuadir fica potencializada ao extremo.
RV – Aliás, o quão importante e decisiva é a atuação para os profissionais do RH na mediação de conflitos dentro das companhias?
Em quais aspectos estes profissionais podem auxiliar?
O.K. – É necessário compreender que as relações de poder, a competição e o individualismo de nossos tempos são os principais fatores geradores de conflitos nas organizações contemporâneas.
Este é um grande passo para solucionar conflitos entre colaboradores e nas relações do líder com liderados ou chefe com subordinados.
Ter um profissional de RH imbuído desta atribuição é outro passo fundamental.
RV – Ainda sobre não estruturar um departamento de RH, como lidar com a sobrecarga e os desafios do profissional do RH que têm demanda de pessoal no setor?
O.K. – Se não houver um profissional responsável pela gestão de RH, certamente haverá sobrecarga nas demais lideranças ou colaboradores que tentarão assumir tais atribuições.
A pior notícia é que, via de regra, pessoas despreparadas tentam assumir o papel e o resultado pode ser trágico.
Cuidado com os incompetentes motivados!
RV – De quais formas a tecnologia pode auxiliar o departamento a corresponder às demandas modernas das empresas para com o setor de RH?
O.K. – Não há como evoluir na gestão sem o auxílio de ferramentas de tecnologia, especialmente, sistemas informatizados que processam folha de pagamento, gestão de benefícios, gestão de T&D, seleção, avaliações de desempenho, indicadores de gestão, entre outros.
Outro fator fundamental na moderna gestão de RH está na utilização de tecnologias digitais para os programas de capacitação.
São econômicas e eficazes, na medida em que são rápidas e atingem o público alvo de forma objetiva e assertiva.
O sucesso de uma boa gestão de pessoas não está, necessariamente, no número de colaboradores que você dispõe para isto, mas na inteligência utilizada a serviço da gestão de RH.
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RV – Recrutar candidatos é sempre um grande desafio para o profissional do RH. Nos últimos tempos, tivemos algumas inovações na área.
Como a tecnologia pode auxiliar, de forma específica, em processos seletivos?
O.K. – Podemos perceber a extinção gradual das consultorias de recrutamento e seleção.
Elas foram substituídas por ferramentas como o Linkedin.
Os conhecidos “Trabalhe Conosco”, disponíveis para cadastro na maioria dos sites, sem falar nas redes sociais como instrumento de chamadas para recrutamento.
Não há como prescindir destes recursos nos dias de hoje.
Para as consultorias restará a prestação de serviços diferenciados e com alto grau de qualificação na seleção, em especial de cargos ou funções especializados.
RV – Como um gestor de RH pode tornar-se mais participativo no dia a dia profissional dos colaboradores da empresa?
O.K. – Um dos desafios do profissional do RH é atuar com efetividade.
Ele precisa estar presente onde as coisas acontecem na empresa:
Seja no chão de fábrica, na execução de serviços, no ponto de venda, nas relações comerciais e institucionais da empresa.
Conhecer a força de trabalho, as pessoas, os profissionais chave da organização, são condições indispensáveis para uma gestão produtiva.
É o que chamo da pedagogia da presença.
Conhecendo operações e pessoas, sua capacidade de gestão participativa e contributiva torna o RH realmente estratégico, facilitando o alcance dos objetivos corporativos.
RV – De quais formas é possível investir e desenvolver em liderança dentro das organizações nos tempos atuais?
O.K. – Reitero: para uma gestão eficaz de pessoas nas organizações é “indispensável” o desenvolvimento permanente de líderes.
Se os recursos disponíveis foram insuficientes, aposte tudo no aprimoramento e capacitação de seus líderes.
Você pode fazê-lo até por leitura orientada, por exemplo.
O importante é fazer.